Nas promessas, no meu cuidado quase maternal com suas fraquezas, no abandono hesitante de
família, princípios e incertezas, na entrega. Eu faria tudo novamente se recuar não me fizesse te ver atravessar a vida e seguir o caminho oposto ao meu. Eu não sei andar tão rápido assim. Se você me observasse nos últimos meses saberia que abandonei todos os meus vícios, exceto o em você. Se você estivesse comigo nas manhãs de domingo saberia que eu só durmo quando o sol aparece, para não ter que encarar os fatos. Eram nas madrugadas que eu te tinha só pra mim, e agora elas são imensos buracos. Essa cratera quase humana reflete o que eu já previa: sua ausência dói, dor física, que sangra, que produz lágrimas. Elas me consomem e me transformam nisso entre dramática e patética. Me encolho na cama e canto baixinho para afastar os demônios que insistem em dizer que não tem mais volta. Sou deficiente, debilitada e incapaz de seguir sozinha. A queda é iminente e livre, o choro é consequência. Mas antes de tudo, antes de me ensinar a ser amada e a sorrir, você me ensinou a ser forte e rocha. Eu posso sobreviver ao chão. E se não conseguir levantar, me arrasto. Sujo as palmas das mãos, arranho o rosto no asfalto e não grito socorro.
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